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Samia Gamal

29 jul

“Se há alguma coisa que podemos aprender com Samia Gamal, é a “arte do flirt” durante a dança”, afirma Lulu Sabongi. Se você passar algumas horas pesquisando vídeos da bailarina egípcia com certeza reconhecerá esta característica. Zainab Ibrahim Mahfuz nasceu no vilarejo de Wana, em 1924. Assim como outras bailarinas, mudou-se para o Cairo e, anos mais tarde, foi convidada para participar da casa de Badia Masabni. Lá, teve aulas com Jacque, uma professora muito importante e famosa.

Recebeu formação em jazz, ballet, dança contemporânea, moderna e, claro, na dança do ventre. Nesta época, conheceu Tahia Carioca, já conhecida no Egito, e daí surgiu uma amizade que duraria a vida toda. Da companheira profissional incorporou giros e deslocamentos do balé, além da influência da dança e música latina. Foi Badia quem a batizou de Samia Gamal.

Mitos e verdades
Samia Gamal é charmosa. O motivo? Está ali em cima, na primeira frase. A bailarina egípcia é famosa pelo olhar sensual, expressivo e penetrante. Não é à toa que no filme “Zannoubia”, o personagem fica completamente hipnotizado por sua dança. Os efeitos especiais da cena só enfatizam a característica. Não faz movimentos exagerados e grandes, faz arabesques e giros. Diferente de outras bailarinas egípcias, utiliza muito os braços.

Hossam Hamzy conta, em um artigo muito interessante sobre a bailarina (em inglês), que ela introduziu o hábito de dançar descalça, antes dela era normal utilizar saltos em espetáculos. Na verdade, tudo começou quando um dos seus sapatos saiu do pé, ou quebrou o salto durante uma apresentação. Ela logo se desvencilhou do outro e continuou com graça, sendo muito aplaudida pela plateia. Dizem que o último rei egípcio, Farouk, afirmou que Samia era a “Bailarina Nacional do Egito”, mas o músico Hossam afirma que a história não passa de um mito e que o rei nunca proclamou publicamente um gosto especial por uma das bailarinas. Afirma-se que Samia utilizava muito o véu em sua dança. Aparentemente, é resultado do treinamento que recebeu da professora Jacque, que usava o acessório para forçar a aluna a melhorar o trabalho com os braços.

Carreira no cinema
Assim como Tahia Carioca, também estrelou diversos filmes (cerca de 80, até o final de sua carreira). O primeiro foi “Gawhara” (1942), quando ela ainda tinha apenas 18 anos. O mais conhecido internacionalmente foi “Ali Baba e os quarenta ladrões” (1954), do diretor francês Jacques Becker. No cinema conheceu o ator e cantor Farid Al Attach, com o qual teve um romance.

Na década de 50, mudou-se para os EUA e foi uma das bailarinas pioneiras na América do Norte. Sua dança influenciou filmes e apresentações musicais nas terras norte-americanas. Quando estava com aproximadamente 50 anos afastou- se da dança, mas a aposentadoria não durou muito. Logo voltou a se apresentar e só parou definitivamente aproximadamente dez anos depois. Ela faleceu em 1994, aos 70 anos.

Algumas músicas usadas pela bailarina em apresentações e filmes foram: Zeina, Zenuba, Raqsat Kahramana (AfritaHanem), Al-Rabia, Habibi Lazmar e Ana Alli Wa Utilu. A música Zeina, do vídeo acima, foi composta por Mohamed Abdel Wahab, e tem como base dois ritmos: o Ayub e o Masmoudi. Gostou de Samia Gamal? Acesse esta lista de vídeos do Youtube e aproveite para conhecer melhor a bailarina.

Veja + Bailarinas
Amar Gamal
Tahia Carioca
Jillina
Fifi Abdo, a menina baladi
Petite Jamilla
Soraia Zaied

Masmoudi

26 jul

Você se lembra do ritmo Baladi? Pois bem, o Masmoudi lembra muito a composição deste ritmo quando tocado de forma lenta. Algumas fontes afirmam que é da Andaluzia, enquanto outras indicam que deriva da palavra “masmouda”, nome de uma região ao oeste de Marrocos. A tradução literal se refere a algo que se assemelha a uma base ou suporte, talvez por isso seja tão utilizado e apresente muitas semelhanças com outros ritmos.

Composição
Sua forma básica é de 8/4 tempos e é chamada de Masmoudi Kebir ou Grande Masmoudi (Masmoudi três DUMs). Quando este ritmo é tocado com tempo 4/4 é chamado de Masmoudi Saghir, Pequeno Masmoudi (Masmoudi dois DUMs). A notação gráfica é assim:

Masmoudi Kebir
DUM DUM TAKA TAKA TA DUM TAKA TAKA TA TAKA TAKA TA

Masmoudi Saghir
DUM DUM DUM TAKA DUM TAKA TAKA TAKA TAKA TA
ou
DUM DUM DUM TAKA DUM TAKA TAKA

Em resumo, repare que o ritmo é composto por duas frases de quatro batidas.

Características
O ritmo aparece em músicas clássicas, modernas e até em tribais e gawazzees. Na sua versão Kebir é longo, de oito tempos, e é mais utilizado em solos e em clássicas. É também conhecido como Masmoudi de Guerra, pois sua cadência é considerada mais agressiva. Desta forma, a velocidade diminui e a música fica com mais variações. Já o Masmoudi Saghir, é também conhecido como Masmoudi Caminhando, por ser um ritmo mais fluido.

Como treinar
Como se trata de um ritmo longo, você pode começar treinando a primeira frase e depois a segunda, separadamente. Aos poucos, treine a união de ambas, tocando sem parar a ligação. Acompanhe as duas versões que selecionamos para este post e comece a praticar.

Dicas de passos
Na versão mais lenta é possível usar desde batidas laterais, para marcar com ênfase os DUMs e twists, até ondulações. Já na outra versão, você pode fazer deslocamentos com básicos egípcios para frente e atrás e marotos.

*Faixas do CD Jalilah’s Raks Sharki Vol 4

Veja + Ritmos
Jerk
Maksoum
Bolero
Malfuf
Baladi
Ayub
Said

Maksoum

12 jul

O Maksoum (maqsoum, maksum, maqsum) é o pai de todos os ritmos egípcios, segundo o músico Hossam Ramzy. Afinal, sua estrutura é semelhante a do Said, Chifttelli e, principalmente, a do Baladi. Cortado ao meio, ou partido ao meio é a tradução literal da palavra que dá nome a este ritmo muito utilizado em músicas no Egito, Síria, Norte da África, região do Golfo e Tunísia, onde também é conhecido como Duyek.

Composição

Você já sabe que a estrutura do Maksoum é muito parecida com a do Baladi. Agora vejamos porquê. A frase musical do Baladi é esta: DUM DUM TAKATA DUM TAKATA. O Maksoum não possui um dos DUMs inicial e tem uma pausa no meio do ritmo, tal como explica o músico Mario Kirlis (Bellydance instructivo com Mario Kirlis e Saida – DVD 1). Por isso também é chamado de Baladi um DUM. Daí o significado da palavra fazer alusão a algo partido.

Assim, a notação gráfica fica: DUM TAK (pausa) TAK DUM TAK

Uma forma floreada que pode assumir é: DUM TAKATA DUM TAKA (TAKA).

Características
É um ritmo de quatro tempos e existe uma variação mais rápida e mais lenta, na qual se torna muito semelhante ao Masmoudi. Dizem que o Baladi é uma forma folclórica deste ritmo. É muito usado em músicas modernas, solos de derbake e baladis. A pausa do meio da frase musical gera um acento mais forte no contratempo.

Como treinar
Treine o ritmo puro, com a ajuda de um CD (ouça a faixa selecionada abaixo), e depois tente encontrá-lo nas músicas. Repare que nem sempre ele aparecerá da forma simples e poderá receber variações e ficar floreado, principalmente no final da frase. Neste site você pode ver as diversas formas em que ele pode ser encontrado. Não se preocupe, nós alunas não precisamos conhecer todas elas. Basta saber a base para dançar e tocar nos snujs.

Dicas de passos
No vídeo acima, o derbakista e a bailarina fazem uma breve e simples apresentação do Maksoum. Note como ela também explora o peitoral, além do quadril para fazer as tão importantes marcações de ritmo. A argentina Saida e o músico Mario Kirlis elaboraram um capítulo do DVD instrutivo de ritmos especialmente sobre o Maksoum. Veja como ela faz as marcações com o quadril, em especial com variações do básico egípcio, e como explora o contratempo e a pausa.

Lembre-se: Você pode tocar os DUMs, TAKs e TAs com a sua mão principal (varia para destros ou canhotos) e os e KAs com a outra. Ou então marcar os DUMs com as duas mãos, enfatizando que são mais fortes.

*Faixa do CD Rhythms of the Nile 1, Hossam Ramzy.

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