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Videoteca: Wendy Chiu (fusão oriental)

4 mar

 

Wendy Chiu é uma bailarina que realmente gosta de fusões. Se pesquisar sobre ela, encontrará vídeos relacionados a fusão com tango, jazz e outras tantas.

Aqui no Cadernos, vimos até agora a mistura da dança do ventre com samba, bellynesian, odissi (dança indiana), flamenco, jazz, balé e hip hop. Já que estamos estudando o assunto, selecionamos esta semana o vídeo da bailarina de Taiwan para conhecermos um pouco desta fusão com a dança oriental.

A performance ocorreu no Ahlan Wa Sahlan, em 2010. Note como são as roupas, a postura e principalmente os dedos, mãos e braços. De quebra, ela também usa véu fan. Além do vídeo acima, mais curto, sugerimos um outro no Youtube, mais longo, feito por outra câmera neste mesmo dia do evento.

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Flamenco e dança do ventre

26 jan

Assistindo aos vídeos deste tipo de fusão a influência do flamenco nas roupas e até na melodia das apresentações de dança do ventre é evidente. Mas você sabe de onde surgiu esta mistura? Bom, o início é fácil de imaginar para quem conhece um pouco de história. Quando os árabes invadiram a Península Ibérica (século VIII), houve uma mescla entre culturas européias (de povos chamados de artésicos , oriundos do Norte da África) e orientais (da região de Damasco, conhecidos como berberes e turcos).

A partir deste momento, uma das manifestações culturais comuns na Andaluzia eram as festas mouras, com música, dança e sempre acompanhadas de aplausos. Das festas surgiu um ritmo que ficou conhecido como zambra, (no árabe, “Samra”) e significa “morena”. Posteriormente, o ritmo deu origem à dança que ficou popular na Espanha nos anos 40 e 50 com bailarinas como Lola Flores, Carmen Amaya e La Chunga.

Depois deste breve histórico, é possível identificar algumas características na fusão feita hoje na dança do ventre. Dela, foram incorporadas principalmente as ondulações e tremidinhos diversos, já os quadris perdem potência e destaque. Do flamenco, em especial a postura e trabalho de braços e mãos, sempre em movimento e com dedos bem abertos. A professora Lua Samsara explica que “os movimentos de dança do ventre, são misturados à postura mais rígida do flamenco, os braços e mãos são mais fortes, perde-se um pouco a suavidade da dança do ventre”. Do flamenco foram incorporados paseos, golpes, palmeados, sapateados, giros típicos e cabeças de golpe. Dos ciganos, deslocamentos e trabalhos de saias. Na apresentação de casal de Zahra Li e Fabricio, no evento Maktub Festival VII, é possível ver isso com clareza.

A roupa, portanto, torna-se uma protagonista. Vestidos e saias rodados com babados, flores nos cabelos, xales sobre os ombros ou amarrados na cintura ou cintos de moedas. Na parte de cima, blusas com mangas bufantes, largas ou com os ombros à mostra complementam o visual. Apesar da semelhança do flamenco, da dança cigana e da fusão com a dança do ventre, Adriana Bele Fusco explica que são diferentes. “No flamenco existe a influência cigana extremamente forte nos cantes, em especial nos cantes gitanos.”

A música que acompanha esta fusão pode puxar mais para o flamenco ou apenas lembrar sonoridades usadas nesta dança espanhola. Em geral, há muitas melodias com dedilhados de cordas acompanhadas de castanholas ou de outros instrumentos, como é o caso do cajón (caixa de percussão de madeira). Adriana Bele Fusco afirma que podem ser usadas “alegrias, bulerias, solea, solea por bulerias, tangos, rumba ou músicas árabes e tribais que tenham um “Q” de flamenco, com sons de castanholas, sapateos, guitarras flamencas e até mesmo o canto”.

Se você gostou e tem interesse em se especializar, lembre-se de que há alguns cuidados a serem tomados. É necessário manter os joelhos semiflexionados quando há trechos de sapateado. “Não podemos esquecer das mãos e dos punhos, que nessa modalidade são bastante trabalhados, com certa força, e não recebem tanta atenção em outras”, garante Lua. Já Adriana nos lembra de outro fator essencial: “Fusão é uma mistura inteligente de mais de dois ritmos, sem deixar com que pareça que dividiu a dança fazendo parte dança do ventre e parte flamenco.”

***Colaboraram neste post:Adriana Bele Fusco – bailarina há 33 anos, é administradora da Bele Fusco Escola de Danças. Possui formação em diversos estilos. Dirige o DSA (Dancers South America), primeira Cia de Danças da América Latina. Foi uma das 2 bailarinas selecionadas pelo Bellydance Superstars na fase Europeia.

Lua Samsara – professora de Flamenco árabe, dança indiana moderna e tribal no Studio de Dança Shaide Halim.

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Tribal

19 jan

Esta deve ser com certeza a fusão com dança do ventre mais conhecida. Nos últimos anos, ganhou ainda mais destaque com performances de bailarinas qualificadas como Rachel Brice, que assustam e encantam com uma técnica tão apurada. Porém, o tribal já passou por algumas transformações e assumiu novos ares desde a sua origem.

A palavra tribal está relacionada ao conceito de família, grupo ou comunidade. Refere-se a modalidade que reúne movimentos e conceitos presentes em danças da África, folclóricas orientais, além de flamenco, indiana e dança do ventre. Tudo isso é evidente nos trajes, passos e músicas.

As roupas carregam um pouco da ideia dos ciganos e povos nômades, incorporando aos tecidos acessórios literalmente garimpados por aí. Conchas, moedas, sementes, flores, bijuterias recicladas e franjas formam um mosaico que carrega também uma história de vida, memórias e, claro, o artesanal. A própria Rachel Brice comenta em entrevistas que costuma fazer suas próprias vestes.

Atualmente é possível encontrar bailarinas usando saias sem fendas ou calças largas. Cintos de moedas, cinturões de franja e xales são usados para complementar o quadril. Tops simples, blusinhas ou a combinação de ambos para a parte superior. Dizem, no entanto, que na origem eram usadas apenas galabias. Em geral, pulseiras, colares, braceletes, anéis, brincos e apetrechos para os cabelos sempre complementam o visual.

Falando nisso, você sabe quando se originou o tribal? Os primeiros registros são da década de 60, quando a bailarina norte-americana Jamila Salimpour (mãe da Souhaila Salimpour, que já esteve na nossa videoteca) fez uma viagem para regiões do Egito, Marrocos, Argélia e Líbia e incorporou a pesquisa ao seu grupo de dança Bal Anat, criado em 1968. Outra bailarina muito conhecida é Carolena Nericcio, que teve aulas com Masha Archer, pupila de Jamila. Ela e seu grupo Fat Chance Belly Dance incorporaram ao tribal técnicas do balé clássico e a improvisação coletiva. Na apresentação abaixo, repare os desenhos formados por este grupo e a disposição circular no palco.

E voltamos aqui a origem do termo tribal. Repare nas apresentações que é muito comum bailarinas dançarem em roda ou em meia-lua, quando em grupo. Desta forma, há contato visual entre elas e faz-se uma referência ao núcleo familiar e de comunidade.

Os movimentos são ondulatórios, sinuosidades que destacam o corpo

da mulher, em especial a região do ventre, como camelos, oitos e redondos. Também são comuns cambrês diversos, bem como braços e mãos milimetricamente trabalhados. A perfeita dissociação corporal aliás, é outra característica desta dança que explora pelve, abdômen, peitoral, braços, mãos e cabeças totalmente independentes, com paradinhas entre cada músculo nas versões mais modernas do tribal. Para isso, é necessário muito treino físico e mental.

Embalando toda essa tradição misturada a uma contemporaneidade está uma música com ritmos muito fortes e, por isso, com percussões e solos de derbake. Há desde melodias que lembram músicas folclóricas africanas, ciganas e até mesmo hip hop e remix. Aqui, porém, entramos em outros aspectos do tribal, que dariam origem para outro post…Aguarde!

Enquanto isso, assista aos vídeos indicados e conheça um pouco de Jill Parker, Jamila Salimpour e o grupo Fat Chance Belly Dance.

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