Já vimos por aqui como é o véu leque. Sua origem na dança do ventre, como ele é feito etc. O vídeo desta semana traz uma apresentação das professoras e bailarinas da Luxor, escola de Dança do Ventre, de São Paulo.
A música faz parte do repertório do compositor grego Yanni e esta dança foi apresentada em novembro de 2009. Observem como o efeito do véu fica lindo em grupo e como podemos combinar as cores dele com a nossa roupa.
Os leques, também conhecidos como abanicos ganharam espaço na dança do ventre somente nos últimos anos. Se você já leu nosso post sobre o véu leque, famoso pelo nome de véu fan, sabe que parte da influência é de origem chinesa, mais ou menos de 2600 a. C. Porém, existem registros de que os leques eram originalmente utilizados por incas, astecas, babilônicos, persas, romanos, gregos e egípcios.
Um site completo sobre a história, usos e fabricação dos leques, afirma que a representação mais antiga deste objeto pertencia uma imagem de Namer, que unificou o Alto e Baixo Egito em meados de 3 mil a. C, atualmente se encontra no museu de Oxford. Os leques egípcios guardavam muitas semelhanças com os utilizados na dança do ventre hoje. Eram grandes, semicurculares e serviam tanto para abanar quanto para espantar insetos.
Com o aumento das fusões na dança do ventre (em breve serão temas de diversos posts no Cadernos), muitos elementos das outras culturas foram incorporados. Durante a apresentação, este acessório serve mais como enfeite, não há passos especiais para se fazer. É só uma questão de charme, de misturar essa influência flamenca aos passos tradicionais da dança do ventre e de coordenação e habilidade gestual. Em geral, são usados em movimento, em frente ao rosto ou na altura da cintura. Assim como o véu fan, pode ser usado aberto ou fechado. É possível usá-lo com ondulações, nos taqsims e em ritmos como Baladi, Said e Maqsum.
O leque pode ser de bambu, marfim, seda, renda ou de outros tecidos. Um modelo muito específico ganhou estrutura mais rígida, ficou maior e foi adornado com penas, formando uma espécie de abanador de faraós. São muito utilizados em coreografias de palco, para criar figuras geométricas e, principalmente, círculos. No vídeo abaixo, o grupo da professora Virginia Lazcano (Ballet Al Fayr) se apresenta com este acessório moderno.
Há vinte anos atrás o mundo se despediu de Nadia Gamal, eleita como representante oficial das danças árabes no mundo. O título veio do Festival Internacional de danças de Viena, em 1984. A bailarina egípcia faleceu em 1990, de um câncer. Sua estreia na dança aconteceu décadas antes e nos anos 50 e 60 já era considerada uma profissional brilhante.
Carreira
Nadia Gamal, filha de gregos e italianos, nasceu em Alexandria, em 1937, com o nome Maria Kardiadis. Ainda pequena, via sua mãe se apresentar na famosa casa Cassino Opera, de Badia Massabni. Aos poucos, começou a fazer apresentações solos de danças diversas. Dizem que sua primeira experiência oficial na dança do vetre foi em uma noite em que precisou substituir uma bailarina que ficou doente. O sucesso daí para frente andou de mãos dadas com ela.
Nos anos 60, mudou-se para o Líbano, país que considerava sua casa e não saiu de lá nem mesmo durante a guerra civil. Ela também seguiu os passos de outras colegas da dança e fez carreira no cinema em filmes como “Qalbi Yahwak” (1955), “Ahed El Hawa” (1955) e “Izzay Ansak” (1956).
Veja uma cena durante um casamento
Nadia teve aulas de balé clássico e moderno, jazz, coreografia e até piano. Passou por países como Alemanha Ocidental, Áustria, Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Grécia, Itália, Portugal, Suíça, Turquia, Venezuela e, claro, Líbano e Egito. Foi a primeira bailarina oriental a participar do Festival de Baalbeck, no Líbano, em 1968.
Movimentos
Assistindo suas apresentações é possível notar como ela se desloca rapidamente e ocupa todo o espaço. Além disso, sua caracterísitca mais forte é a dramaticidade, que deve ter herdado da mãe, que participava de uma companhia de teatro, e da sua experiência como atriz. Shimmies e batidas muito intensas fazem parte dos movimentos mais usados por ela.
Não é à toa que bailarinas atuais como a Saida também fazem passos tão intensos e marcados. Nadia é quase sinônimo para aquilo que conhecemos como estilo libanês. Gostou da Nadia Gamal? Então procure o livro “Great spirits: portraits of life-changing world music artists”, de Randall Grass, e leia o capítulo especial sobre ela. Outra dica super bacana é visitar este multiply, com vídeos muito legais e que não são fáceis de encontrar no Youtube.